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[porque as pessoas que nós amamos se tornam fantasmas dentro de nós, e assim vamos mantendo-as vivas

  • Foto do escritor: Gabriela Cavalheiro
    Gabriela Cavalheiro
  • 28 de abr. de 2021
  • 2 min de leitura

[porque as pessoas que nós amamos se tornam fantasmas dentro de nós, e assim vamos mantendo-as vivas]

já se passaram alguns anos eu ainda me emociono com o vídeo do barco atravessando o mar do sri lanka agora não preciso mais atravessar o oceano atlântico pra te ver você está relativamente perto e isso é ótimo - é que ando sedentária e não sei se as baleias me ajudariam na travessia com suas barrigas ocupadas com pinóquios e gepetos

já não desfaço mais as tramas costuradas ao longo de dias e noites como penélope fez esperando o retorno de ulisses me resignei com outras composições, novas e interessantes o tempo cura tudo continuo contando constelações e estrelas ando observando mais as nuvens minha mãe me manda recado pelos trovões tenho conseguido ouvir melhor e ter mais tempo - aprendi que não é todo mundo que sabe ler o vento ainda colho conchas só que agora predominam mais os pontos que o silêncio ainda peço com meu coração para que aprenda novas rotas nessa trajetória mas aprendi que desvios e atalhos podem ser bem vindos [laroyê]

há encanto em se perder e depois se achar e se perder e achar outras coisas e por aí vai não tem problema deixar a meta aberta e depois dobrar – muito obrigada por tudo, dilma tem dia que eu pareço feito pipa, voando alto (e isso é tão lindo) a saudade ainda é esse bichinho que rói danado a gente e capaz que continue sendo para o resto das nossas vidas mesmo é que tudo bem a gente não ter a casa com quintal e um cachorro pit bull chamado bisteca (o fio mesmo já se mudou) os planos mudam e as pessoas também mudam de planos também tem beleza na nostalgia, na memória, na lembrança já não tenho mais a camiseta listrada que ia te dar de presente de natal consegui te dar em outro ano - e há muitas sereias que ainda me hipnotizam com seus cantos quando você foi embora e o dia inteiro que passamos vendo competições de dominós caindo foi mesmo prenúncio do que viria mas a nossa vida continua sendo esse filme tão bonito que agora ao invés de só saudade, penso com só carinho e continua tendo aquele sentimento que a gente não sabe o que nos pega mais ainda é tanta coisa que fisga em tudo nossos sorrisos ainda são tão sinceros você continua aqui tão perto mas tão longe ainda tem meu cantinho de peito aberto e corpo fechado que só contém trabalho formoso e ainda existe essa vontade que seria capaz de atravessar marés, mares, oceanos e mundos inteiros mas agora eu te daria o abraço mais apertado de todo universo e não mais um beijo é que nem sempre a gente escreve poemas lindos mas se aprende que amor também é sobre isso (ver o passado com olhos assentes no presente)


19/11/2020

 
 
 

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