'inda lembro

'inda lembro como se fosse ontem aquele sorriso bonito que ela deu pra mim, no meio do samba a gente nem se conhecia mas bateu quentura no peito - ela diz que sim, mas eu acho que não, não me lembro - lembro mesmo é daquela boca daqueles dentes a guinada do pescoço o cabelo o rosto numa moldura parecia um desses grandes encontros por toda a vida já de pronto e que a gente não sabe precisar a intensidade mas é um 'desde sempre' [logo eu, que achei que era só mais um nessa água toda da filha de oxum que encantava a vista com tanta sereia e que achava que o amor me era uma palavra suada entre os dedos]

tempos depois, bem que o búzio viria a confirmar que ritual extraordinário era tudo do cotidiano até silencioso aguar de plantas costela de adão samambaia maranta suculenta do fundo do mar no vaso de cerâmica

kalanchoe, planta da fortuna, um dos tantos presentes dela sempre ensina: riqueza mesmo é dividir! e não tem coisa mais profunda que dividir com alguém um aninhamento das trajetórias a procura de céu nas noites & dias tantos campos de lembranças trechos de poema, fábulas encantadas, fortalezas de corpo e da fala, heranças também histórias tristes ou canção que pega a gente e daí fica no repeat

escuta, essa é uma história de amor sim por isso genial mas não é só isso é sobre crescimento tem direito a violência reviravoltas do destino, inseguranças, ciúmes, medos como sempre dos clichês nos melhores enredos também tem a lágrima e aprendizado de sortes e sortilégios tantos das marés

e você você continua sendo essa estrela gigante resplandecente em um céu azul da bahia

(para mim, e em mim)