as violências
- Gabriela Cavalheiro
- 7 de mai. de 2018
- 1 min de leitura
as violências que atravessam a mim e ao meu corpo entre arrepios e arpejos me endurecem me enrijecem esse meu corpo de mar onde passam desventuras de algas e baques de ondas da passagem de navios e rastro de conchas de acordos com a lua e as variações da maré esse meu corpo é eterno campo de batalha de opressões estruturais conjunturas políticas da potência das minorias e é preciso gritar insistentemente repetidamente ferozmente que meu corpo não é espaço público parque de diversões de quem quer que seja sem meu consentimento e/ou autorização
minha voz não bastou muito menos minha braveza para dizer do meu corpo-espaço é terreno fértil forte e sagrado [porém houve tentativa de ser violado pelo homem que se dizia amigo e morava ao lado]
e eu sei que "eu sou maior que a minha dor" e eu sei que "se eu já fui trovão que nada desfez eu sei ser trovão que nada desfaz" pois carrego em meu corpo [esse, que ele tentou violar] o poder de mãos de cura, a força de banhos de folhas, a comunicação com búzio bicho, gente, planta e a cabeça firmada que segue sempre pela toada entre dias e noites que vivo cá o meu peito minha mente mão e língua continuam vendaval e ventania
porque meu corpo assim como os olhos da américa do sul nasceram acostumados ao sangue a violência ao medo mas também a resistência o renascer da semente e a potência da resiliência
- e o que é teu já tá guardado não sou eu quem vou lhe dar...
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